O trabalho de Filipa César é dominado por elementos que remetem à gramática e ao vocabulário do cinema – a ficção e o documento, o índice e o símbolo, a edição e a montagem.
Os seus temas, por sua vez, derivam da vontade de atualizar e revisar formas de registro de um passado menos ou mais distante. É sobre os capítulos omissos da história do regime do Estado Novo português (1933-1974) que as suas obras mais recentes se debruçam, como a instalação apresentada na Galeria do Rego Monteiro no contexto do projeto Política da Arte.
Composta por dois filmes – Memograma e Insert –, a instalação toma como pretexto a história, não totalmente comprovada, de Castro Marim, cidade situada na fronteira com a Espanha, como local de degredo para os cidadãos punidos por atos de desvio, em particular pela prática de homossexualidade.
A investigação de Filipa César reage ao apagamento e à invisibilidade de alguns dos mecanismos de ostracismo e de censura no Portugal da época.
Memograma, um plano fixo, contemplativo, monumental e realista de um monte de sal, acompanhado por testemunhos orais de pesquisadores, historiadores, jornalistas e outros sobre a história esquecida de Castro Marim, é complementado porInsert, uma construção ficcional de um encontro amoroso proibido que tem lugar na própria salina.
POLÍTICA DA ARTE
A exposição de Filipa César dá seguimento ao projeto Política da Arte, desenvolvido pela Coordenação de Artes Visuais da Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco. Iniciado em 2009, o projeto compreende a realização de mostras e ações reflexivas, articulando dimensões distintas mas igualmente importantes das atividades da Fundação Joaquim Nabuco.
O projeto Política da Arte tem como pressuposto o caráter ambíguo que a arte possui desde que se viu liberta de sua função de meramente representar o mundo. Caráter que se expressa no poder que a arte possui de desconcertar os sentidos e reconfigurar, assim, os temas e as atitudes passíveis de serem inscritas nos espaços comuns de existência.
Ancora-se na idéia, portanto, de que mais do que dar visibilidade a imagens, textos e ideias criados em outras partes, a arte tece e afirma, de modo irredutível a outro campo qualquer do conhecimento, a sua própria política.
ARTISTA
Filipa César nasceu no Porto, Portugal, em 1975. Vive atualmente em Berlim. Tem exibido seus trabalhos em fotografia, vídeo e filme extensivamente desde o início da década de 2000, em diversos países.
Entre as exposições mais recentes de que participou destacam-se
Wall to wall (parte I), Cristina Guerra Contemporary, Lisboa (2011), Manifesta 8, Cartagena (2010), 29ª Bienal de São Paulo (2010), No Place Like, Biennale Architectura, Veneza (2010), Architecture and Its Discontents, Kaleidoscope, Milão (2010), Fictional Geographies, Royal College of Art, Londres e Auto-Kino!, Temporäre Kunsthalle, Berlim.
Wall to wall (parte I), Cristina Guerra Contemporary, Lisboa (2011), Manifesta 8, Cartagena (2010), 29ª Bienal de São Paulo (2010), No Place Like, Biennale Architectura, Veneza (2010), Architecture and Its Discontents, Kaleidoscope, Milão (2010), Fictional Geographies, Royal College of Art, Londres e Auto-Kino!, Temporäre Kunsthalle, Berlim.
Em 2010 foi vencedora da 6a Edição do Prêmio BES Photo, em Lisboa, com os trabalhos apresentados agora na Vicente do Rego Monteiro, os mesmos também expostos na 29ª Bienal de São Paulo. A exposição na Fundação Joaquim Nabuco é a primeira mostra individual de Filipa César na América do Sul.
SERVIÇO
FILIPA CÉSAR
MEMOGRAMA / INSERT
MEMOGRAMA
2010, vídeo HD, cor, som, 40min
INSERT
2010, 16mm transferido para HD, p/b, 10min
Galeria Vicente do Rego Monteiro
Abertura: 1º de setembro, das 19h às 22h
Visitação: 2 de setembro a 17 de outubro
Terça a domingo, das 15h às 20h
Rua Henrique Dias, 609, Derby. Recife-PE | 50.010-100
Agendamento para escolas e grupos: 81 30736714
Informações: 81 30736692 30736691 | www.fundaj.gov.br
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