Páginas

domingo, 25 de setembro de 2011


Cabeça de Cabro de Dantas Suassuna

“O artista absorve o que vive e, depois, transforma. Devolve tudo em forma de arte.” A restituição de Manuel Dantas Suassuna, autor da frase, chega nesta quinta-feira, dia 1º de setembro, no Centro Cultural Correios, na abertura da exposição “Cabeça de Cabro”, composta por 25 quadros em técnica mista sobre tela e madeira. Além de muitos auto-retratos, a mostra traz ainda a pintura de um Cristo e de paisagens. “O desafio maior foi tentar trazer para o Recife o ambiente do ateliê, o Sertão, o lugar onde está o ‘Cabeça de Cabro’. As cores, as imagens, e também o sentimento – a emoção que acompanhou a criação artística”, revela Ricardo Gouveia de Melo, diretor de arte da exposição.
A mostra é resultado de mais de cinco anos de pesquisas e criações do artista – trabalho iniciado nos Cariris Velhos, Taperoá, Paraíba.“O Sertão é meu Taiti”, declara Dantas, numa referência a busca feita pelo pintor francês Paul Gauguin pelas cores e gente da Polinésia Francesa, quando decide se afastar da Europa e mudar o rumo de sua pintura. O nome da exposição é o mesmo do ateliê criado pelo artista em Taperoá. Inicialmente, ele foi chamado de “Cabeça de Bode”. A troca deu-se por sugestão do escritor Ariano Suassuna, pai do artista plástico. Apesar de pouco usado, “cabro” tem o mesmo significado de bode, mas Ariano justifica a escolha: “Às vezes, usam o nome ‘bode’ de forma pejorativa. Sempre me defini como criador de cabras – acho a palavra mais digna do significado que tem”.
“Triste dos pais que não vêem seu Filho ir adiante deles”, escreveu Ariano, repetindo um ditado popular, no documento oficial de abertura do “Cabeça de Cabro”. A frase registra a admiração confessa do escritor pelas criações do Dantas.Um manto bordado pela estilista Andréa Monteiro trará a linha das gerações dos Suassunas, Dantas e Vilar – famílias de origem do artista. De um lado, a ancestralidade feminina; do outro, a masculina. Também uma porteira, como uma cabeça de bode, vai compor um dos ambientes da exposição. Sons de viola, de carros de boi, aboios, batidas dos ferreiros sertanejos ajudam a compor a trilha sonora da mostra, criação do músico Berna Vieira.
O ateliê “Cabeça de Cabro” nasce em 2006, quando a Rede Globo preparava-se para as gravações da microssérie “A Pedra do Reino”, baseada no romance de Ariano Suassuna. Bem antes que equipamentos, atores, atrizes e equipe técnica chegassem à cidade miúda do sertão paraibano, Manuel Dantas Suassuna mergulhou no Cariri, na companhia do diretor Luiz Fernando Carvalho. Levou consigo muitas telas em branco, tintas e pincéis. Dias de discussões, conversas, cinema. E muita pintura. Tantas que as telas levadas ao Sertão foram poucas. A solução foi encomendar madeira ao carpinteiro da Fazenda Carnaúba, refúgio dos dois artistas. Na madeira, mais pinturas, mais criações.
Ainda na madrugada, Dantas começava a criar. E seguia pintando durante todo o dia. Pintado e conversando com Luiz Fernando, pintando e assistindo a filmes: “Kagemusha - A Sombra do Samurai”, “Amarcord”, Kurosawa e Fellini presentes nos Cariris Velhos da Paraíba. O embrião do “Cabeça de Cabro” estava ali. O ateliê surgiria, oficialmente, em 2009. A exposição tem apoio do Centro Cultural Correios e da gráfica Fac Form.
Serviço :
Exposição: “CABEÇA DE CABRO” – MANUEL DANTAS SUASSUNA
Local: Centro Cultural Correios (Av. Marques de Olinda, 262 - 3º. Andar - Sala 05 - Bairro do Recife)
Visitação: de 1º a 29 de setembro de 2011; de terça a sexta-feira, das 9h às 18h; sábados e domingos, das 12h às 18h
Entrada Franca 
Informações e agendamentos: 81. 3224.5739centroculturalcorreiosrecife@correios.com.br
MAIS INFORMAÇÕES:
DANTAS SUASSUNA – 81 99792676
ANDRÉA MONTEIRO - 9769 7857
ADRIANA VICTOR – 9488 3854

Nenhum comentário:

Postar um comentário